Apoiar comunidades afetadas por desastres, ouvir quem vive o problema de perto e buscar soluções eficazes. Foi com esse espírito que o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), por meio da Defesa Civil Nacional, esteve em São Paulo de Olivença (AM), no Alto Solimões, para uma visita técnica. O município vive as consequências das chamadas “terras caídas” — erosões provocadas pela força do rio — que atingiram dezenas de famílias no fim de 2024. Agora, a missão é avançar na reconstrução e evitar que o problema se repita.
A ação, feita em parceria com as defesas civis estadual e municipal, teve como objetivo mapear as áreas afetadas, orientar a população e apoiar a elaboração do plano de trabalho que permitirá a liberação de recursos federais para reconstrução. O coordenador de Habitação e Ações Estratégicas da Sedec, Ademar Lopes, destacou que a iniciativa faz parte das medidas de recuperação. “A vistoria em campo permite verificar eventuais infraestruturas públicas ou moradias atingidas que não foram incluídas inicialmente no pedido, garantindo o total atendimento ao município e à população”, afirmou.
Terras Caídas
A noite de 26 de novembro de 2024 foi de tensão para moradores de 30 casas onde o chão desmoronou. O fenômeno chamado "terras caídas" é comum na Região Norte durante a seca, devido a erosão causada pela água nas margens dos rios. A Defesa Civil municipal já monitorava a área e havia alertado os moradores na noite anterior, recomendando que não dormissem em suas casas. Essa medida preventiva evitou tragédias.
A cabeleireira Zilda Moraes Maia vivia há 16 anos no mesmo endereço, em São Paulo de Olivença, onde construiu não só sua casa, mas também seu pequeno salão de beleza. Foi ali que criou os dois filhos ao lado do marido e sustentou a família com muito esforço.
Em outubro do ano passado, após a identificação de rachaduras no imóvel, ela precisou sair às pressas com a família, deixando tudo para trás — inclusive o salão. “Perdi meu espaço, meu lar e meu local de trabalho. Eu preciso muito que isso se resolva logo. Agora eu tenho esperança de ganhar de novo um lugar digno para morar e para eu poder continuar ganhando o meu sustento. Eu ainda dei sorte que fui avisada pela Defesa Civil a tempo — teve vizinho que não estava em casa e perdeu tudo”, relembra.
Durante a inspeção, drones foram utilizados para alcançar áreas de difícil acesso. A tecnologia trouxe mais precisão aos levantamentos e agilidade à análise dos danos, acelerando o processo de cadastramento no Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2iD). Também foram instaladas placas de sinalização nas áreas de risco, e a população foi orientada a se cadastrar no sistema de alerta por SMS.
“Capacitamos os agentes comunitários de saúde para levarem essa informação casa a casa. Assim, a população poderá receber avisos sobre riscos de erosão, alagamentos ou tempestades diretamente no celular. Isso salva vidas”, explicou a sargento Édila Vieira, gerente de pós-desastre da Defesa Civil do Amazonas.
A visita também foi uma oportunidade de aprendizado para outros municípios da região. “Viemos entender como captar recursos federais e como agir preventivamente. Aprendemos muito com essa experiência”, destacou Márcio Correia, coordenador da Defesa Civil de Amaturá (AM), cidade vizinha que enfrenta riscos semelhantes.
Para Lucas Gomes, subsecretário da Defesa Civil de São Paulo de Olivença, o apoio técnico e humano recebido faz toda a diferença. “Nossa população tem fé, acredita em dias melhores, e o suporte que estamos recebendo renova essa esperança”, afirmou.
Fonte: MIDR
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